A crônica da indicação de um novo ministro para o MEC dá conta do estorvo que significa a educação para o governo Bolsonaro e também deixa clara a sua fraqueza – o presidente, despreparado e entregue a grupos de pressão, não consegue não consegue firmar uma nomeação.
O caso mais recente, de Renato Feder, é emblemático: o empresário Feder, que tem múltiplos contratos de fornecimento de equipamentos e serviços ao ministério da Educação, estava bem contado no final de junho até que supostamente a ala militar moderada no governo indicou o consultor Carlos Decotelli – indicação aceita por Bolsonaro, que o anunciou como ministro em 25 de junho. A nomeação durou cinco dias.
A posse de Decotelli, marcada para o dia 29, foi adiada e no dia seguinte, 30, Bolsonaro assinou sua exoneração, após uma ampla repercussão negativa sobre o currículo do candidato: ele não havia concluído seu doutorado, não possuía o alegado pós-doc, havia suspeita de plágio no seu mestrado e mesmo da FGV, onde ele alega ter sido professor, vieram sinais de que não ocupava posto efetivo mas palestrante convidado. Decotelli não era estranho ao MEC, tendo passado pela chefia do Fundo Nacional de Desenvolvimento Escolar. No FNDE, ele assinou licitação milionária que iriar adquirir múltiplos computadores laptop por aluno e terminou suspensa por suspeita de irregularidades.
Renato Feder, a essa altura, voltou ao topo da lista e foi anunciado na sexta-feira, dia 3 – apenas para ser supostamente torpedeado pela ala mais ideológica do governo e ser descartado por Bolsonaro no dia seguinte à sua indicação. No domingo, dia 5, o próprio Feder publicou nas redes sociais que havia ‘declinado do convite’ do presidente.
Permanece em aberto a cadeira desonrada por Abraham Weintraub, o ministro que nunca entendeu de educação.
Fonte: Fepesp