O Sindicato dos Professores de Bauru e Região (SinproBau) registrou, entre 2017 e 2019, 287 demissões sem justa causa em faculdades e universidades particulares do município. Os números foram contabilizados pelo próprio sindicado, que é o responsável pela formalização da rescisão entre os docentes e as instituições de ensino. O ano de 2017 corresponde ao período de maior ocorrência dentro da mostra, com 62% dos registros.
No ano seguinte, em 2018, foram 68 rescisões. Neste ano, 41 profissionais já ficaram sem emprego entre os meses de junho e setembro. Por força de regulamentação, as demissões de professores de ensino superior da rede privada só podem ocorrer nesse período ou entre dezembro e janeiro. “É um cenário de profunda lamentação. Vivemos tempos em que a educação, para algumas instituições, é meramente um produto comercial. Salários baixos e salas de aula com excessivo número de alunos são, cada vez mais, via de regra”, explica Sebastião Clementino da Silva, presidente do SinproBau.
CENÁRIO
Além do cenário de recessão econômica, que se configurou em 2017 e impactou diretamente as redes de ensino particular, outros fatores também têm relação direta com as constantes demissões de profissionais. De acordo com Sebastião Silva, muitas instituições optam por dispensar professores com mais tempo de carreira para contratar jovens professores, porém em um número mais reduzido e com salários menores.
O SinproBau entende que a medida é uma forma injusta de capitalizar recursos, aproveitando-se, principalmente, da situação econômica. “Optam por profissionais mais novos e com salários à margem do ideal. Para findar o raciocínio do lucro a qualquer preço, organizam, ainda, salas com 70 estudantes. É um número absurdo dentro de uma sala de aula. Isso prejudica o rendimento de todos”, destaca o presidente.
ENSINO A DISTÂNCIA
O avanço de polos educacionais a distância (EAD) também contribui para potencializar o cenário de cortes de professores em Bauru e em todo o País. Para o SinproBau, essa modalidade de ensino não inviabiliza a educação. Porém, pelo viés da alta lucratividade, as instituições de ensino optam pela forma para potencializar receita.
Para o sindicato, mais uma vez, paga-se mal o professor diante de um faturamento alto, com centenas de alunos online. “Ainda, infelizmente, professores acabam vendo-se obrigados a assinar um termo de cessão de imagem, que dá a instituição o pleno uso das vídeo-aulas em qualquer momento. Inclusive, quando esse professor for cortado, no futuro, sem pagar nenhum centavo a mais para o profissional que deixou o conteúdo gravado”, alerta o presidente.
Em outros países, o sistema funciona com mais efetividade, sem prejudicar profissionais. “Diferentemente do que ocorre em outros países, EAD no Brasil é sinônimo de lucro. Não é necessariamente de aprendizado para o aluno. No exterior, essa modalidade funciona com leis mais rígidas e tem o único propósito de, realmente, levar a educação para áreas mais afastadas”, finaliza.